quinta-feira, 14 de julho de 2016

Servo sofredor ou Rei vitorioso?



Afim de dispensar a possibilidade que Jesus seja o Messias de Israel, que sofreu e morreu como sacrifício pelos nossos pecados, os Rabis do nosso tempo tentam invocar que, de todo, nunca foi suposto o Messias sofrer ou morrer, mas em vez disso, que Ele seria o Rei que viria para salvar e conquistar.

Veja por exemplo as palavras do Rabi Ovadia Yosef que declarou, que quando o Messias vier, exterminará os árabes: "Com um 'sopro' ele os surpreenderá… Quem são as nações do mundo? Quando o nosso Messias justo vier ele não temerá ninguém e enviará todos estes árabes para o inferno…”

Mas o Messias é suposto ser um sofredor filho de José ou um reinante filho de David? Porque o conceito de Messias é tão confuso no Judaísmo? Porque há ideias tão diferentes sobre quem é o Messias no Judaísmo? Neste texto vamos descobrir algumas respostas.

Tal como foi mencionado previamente no vídeo acerca de Isaías 53, os Sábios e todos os homens inteligentes de Israel, até 1.000 anos antes de Cristo e até mesmo durante um longo período de tempo depois de Jesus, interpretavam Isaías 53 como uma profecia acerca do sofrimento do Messias. A interpretação alternativa deste capítulo deve-se apenas à necessidade que ele têm de negar que Jesus de Nazaré era o Messias esperado pelo Judeus.




Por outras palavras, a invocação de que o Messias seria apenas um conquistador para governar e reinar é como actualmente os rabis escondem o facto de um "Messias sofredor" existir no texto, ou por outras palavras, é a forma que encontraram para esconder Jesus. Mas a realidade é que os antigos Sábios de Israel reconheceram, compreenderam, e ensinaram acerca do sofrimento e da morte do Messias de Israel.

No Antigo Testamento, há descrições aparentemente contraditórias da imagem do Messias. Por vezes ele é rejeitado, sofre e morre, e por vezes governa, reina e conquista. Esta contradição causa um pensamento Judaico clássico que leva a acreditar no surgimento de dois Messias: um, é um Rei conquistador que é chamado "Messias filho de David", enquanto que o outro sofre e é rejeitado pelo seu povo, e foi chamado "Messias filho de José". Mas os modernos Rabis tentam esconder do ensino Judaico a ideia do Messias filho de José, um Messias sofredor.

O Rabi Menachem Brod do movimento Chabad no seu livro "Dias do Messias", escreve: "Com este sofrimento o Messias expia pela sua geração e habilita cada Judeu a ganhar a salvação. Tal como ele disse: Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." Isaías 53:4,5

Para dizer isto ele baseou-se apenas em Isaías 53

Até mesmo o livro de Zohar explica que através do sofrimento do Messias Israel é salvo do julgamento. E isto também baseado em Isaías 53. O Rambam interpreta o capítulo desta forma: "Por motivo das pisaduras com que foi vexado e afligido ele cura-nos; Deus perdoa-nos pela sua justiça, e nós seremos sarados das nossas próprias transgressões e das de nossos pais juntamente." Zohar II, 1

O Rabi Moshe El-Sheikh adiciona dizendo que o Messias voluntariamente aceita o sofrimento sobre si próprio: "Tal como ele desejou carregá-los... e nós consideramo-lo como se ele não o carrega-se sobre si próprio, mas apenas ele é quem é afligido e golpeado por Deus. Mas quando o tempo chegar para se revelar em toda a sua glória, então nós veremos e compreenderemos quão grande é a força daquele que sofre pela sua geração." El-Sheikh também baseia a sua interpretação em Isaías 53.

Mas não foi apenas Isaías que profetizou o sofrimento do Messias pelas nossas transgressões e iniquidades. O profeta Zacarias no capítulo 12 também predisse que ele morreria trespassado e perfurado no seu corpo e que na sua morte o Messias tomaria as nossas transgressões sobre si próprio. No livro de Zacarias o profeta escreve:

“Mas sobre a casa de David, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o espírito de graça e de súplicas; e olharão para aquele a quem trespassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único; e chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogénito.” Zacarias 12:10

Zacarias prediz que um dia, o povo de Israel pranteará aquele que eles trespassaram: o Messias, tal como lamentariam a morte de um filho primogénito.

No Yalkut Shimoni foi dito acerca das palavras de Zacarias: "Tal como foi dito sobre o Messias Filho de José que foi morto tal como estava escrito: 'eles olharão para aquele a quem trespassaram e lamentarão por ele..." O Rabi Moshe El-Sheikh diz ainda: 'Eles olharam-me', eles fixaram os seus olhos em mim num completo arrependimento, quando eles viram que aquele que trespassaram é o Messias filho de José, que tomará sobre ele próprio toda a culpa de Israel." O Rabi El-Sheikh compreendeu que Isaías no capítulo 53, profetizou que o Messias deveria sofrer e morrer pelas nossas transgressões e iniquidades.

Rashi, em Sukkah 52:71, interpretou Zacarias dizendo: " 'A terra lamentará', encontra-se na profecia de Zacarias e ele profetiza acerca do futuro, que eles lamentarão devido à imolação do Messias, o filho de José."

Na história Judaica, o Dr. Raphael Patai, sumariza os principais pontos que os sábios ensinam relativamente aos sofrimentos e aflições do Messias: Desprezado e afligido com feridas não curadas, ele senta-se nas portas da Grande Roma e sopra e suaviza as ligaduras das suas feridas purulentas; tal como a Midrash o expressa, "como se as dores o tivessem adoptado".
Uma das maiores tendências e psicologicamente significativa de todas as lendas Messiânicas, diz que quando Deus criou* o Messias, Ele deu-lhe a escolher entre aceitar ou não os sofrimentos pelos pecados de Israel, ao que o Messias respondeu: "Eu aceito com alegria que nem uma única alma de Israel deverá perecer... No (místico) Zohar, posteriormente é formulada a lenda que o próprio Messias convoca todas as doenças, dores, e sofrimentos de Israel para vir sobre ele, para que dessa forma alivie a angústia de Israel, as quais de outra forma seriam insuportáveis.

O Dr. Rafael Patai conclui os ditos dos Sábios acerca do sofrimento do Messias: "O próprio Messias... deve aplicar toda a sua vida num estado de constante e acentuado sofrimento, desde o momento da sua criação até ao tempo da sua vinda muitos séculos ou milénios depois".

E de facto hoje, várias centenas de anos depois de Jesus sofrer pelas nossas transgressões, mais e mais Judeus reconhecem que Jesus deu a sua vida por eles e levou os nossos pecados sobre si. As muitas referências sobre este sofrimento no Talmude, na Midrash*, no Zohar e entre os intérpretes do Antigo Testamento recorda-nos que o Judaísmo clássico actualmente não acredita num Messias sofredor. Apesar de todos estes registos antigos os Rabis modernos como Ovadia Yosef e Daniel Asor tentam fazer com que Israel ignore um Messias Sofredor.

Jesus o Messias é o Judeu mais famoso de todos os tempos, e ainda assim foi espancado, rejeitado, humilhado, e pendurado numa cruz. Ele é o Messias com quem nós, o povo Judeu, se pode identificar, pois somos também um grupo de povo famoso que através da história tem sido espancado, rejeitado, humilhado e quase destruído.

Jesus é o Messias sofredor, que nos deu vida, que nos redime e proporciona vitória a qualquer que coloca a sua confiança n'Ele.

Traduzido de: http://www.oneforisrael.org/blog/346

*Nota do tradutor: Relativamente à expressão "Messias criado" convém lembrar que o Judaísmo não reconhece a "Trindade Divina" ou um Deus plural. Este texto teve por objectivo contestar a rejeição por parte dos Rabis actuais do Messias sofredor e provar que os diferentes textos antigos revelam um Messias com essa natureza.

*Midrash: O termo hebraico "Midrash" (em hebraico: מדרש; plural "midrashim", "história" de "investigar" ou "estudo") é um método homilético da exegese bíblica.

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