quarta-feira, 11 de maio de 2016

O que é o Sionismo


Ainda me lembro da primeira vez que me chamaram Sionista. Estava então no 9º ou 10º ano e eu tinha uma posição assumida como evangélico, activista anti-drogas, pró-AD, anti-Soviético e pró-Israel, isso mesmo, isso tudo! Numa das muitas discussões com o professor comunista de eletrotecnia, um colega mais informado que eu na questão judaica "acusou-me" de ser SIONISTA. Não gostei, mas era. Herdei esta simpatia do meu pai, cristão evangélico, que gostava de acompanhar na rádio um milagre chamado Israel.


Sionismo vem do termo Sião. Sião é um dos montes de Jerusalém. Hoje pelas sucessivas construções confunde-se com o Monte Horebe, ou o Monte do Templo.

"Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, éramos como os que estão sonhando. De Sião o Senhor te abençoará; verás a prosperidade de Jerusalém por todos os dias da tua vida." Salmos 126:1 e 128:5

"Sionismo" é nome moderno de um movimento político que vem de longe como uma aspiração antiga: o desejo dos judeus regressarem à sua terra ancestral.

O pai do Sionismo moderno é Theodor Herzl (1860 – 1904), advogado e Judeu Húngaro. Chegou a escrever ao Papa que o ajudasse a converter ao Cristianimo todos os Judeus da Europa. Mas a sua determinação em favor do seu povo ganhou mais força quando se envolveu no caso do oficial françês judeu Alfred Dreyfus contra quem conspiravam acusando-o de espionar para os alemães. Aí, percebendo que o anti-semitismo contra os judeus não se resolveria com assimilação cultural, o coração de Theodor mudou e abrilhantou o mundo com uma solução moderna para a questão Judaica: A criação de um estado judaico! A sua ideia rapidamente ganhou força junto de quem aspirava pelos mesmo ideais.

Esperamos que seja suficiente com o parágrafo acima a compreensão de que Sionismo é um movimento político.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sionismo

E Sionismo Cristão, o que é? Um Cristão pode ser Sionista?

Bem, em primeiro lugar, se você reconhece que o povo judeu tem direito a pelo menos um metro quadrado de terra na sua terra ancestral, então você é sionista! Se não gosta da palavra, paciência... chegasse mais cedo para inventar outra. 


Se você luta ao lado dos que querem expulsar os Judeus da sua terra ancestral até ao último metro quadrado, então você é anti-sionista, ou seja, uma variante mais moderna de anti-semita.

Então, se você é sionista, pois acredita que os judeus têm direito a pelo menos um metro quadrado na sua terra ancestral, mas não assume, então você é indiferente. Comprendemos que tenha vergonha em assumir um conceito que é marginalizado e olhado com desconfiança pela maioria da sociedade e também por muitos cristãos.

Se você é anti-sionista, cristão ou não, respeite a nossa posição política. Questões bíblicas à parte, você tem o direito de ser socialista, activista social, republicano, presidencialista, monarquista, pois então, não é preciso ser cristão para poder conviver com todas essas coisas. Nós também podemos ser sionistas mesmo sem história (bíblica) ou profecia bíblica, como muitos outros. Não julgue pois também não será julgado, pelo menos por nós.

Cristão pode ser Sionista? Alguns acham que não.

Os que acham que não, acham porém que um cristão pode ser:
- Católico;
- Evangélico, ou seja um grupo que se demarcou do catolicismo;
- Social Democrata;
- Pentecostal, dá muita ênfase aos dons espirituais;
- Baptista, dá muita ênfase ao baptismo;
- Primeiro-Ministro e afiliado num partido político;
- Activista social...
- Etc.., Etc.., Etc...

Mas defender a causa de uma nação que luta durante séculos por permanecer na sua terra ancestral, isso, JÁ NÃO PODE! O que se pode chamar a este tipo de "proibição"? Constrangimento? Anti-semitismo? Ignorância? Discriminação?

Doutrina sionista cristã.

Não existe doutrina cristã sionista. Os sionistas são de esquerda, são de direita, são comunistas (ou eram), são católicos, são ateus, são gays, são adeptos de clubes desportivos, são árabes, são judeus e são gentios. Há até judeus que são anti-sionistas porque acreditam que Israel só deve ter direito à sua terra quando o Messias vier.

É verdade que há algum tipo de Sionismo que mais se parece com uma religião; Há também quem ache que o povo de Israel é tão especial que não precisa de Salvação; Há também quem por tudo e por nada argumente que Israel é o povo escolhido; e por fim há os que gostam de permanecer no orgulho e na ignorância, mas esperemos que este não seja o seu caso.

Na verdade, como Cristãos estamos mais preocupados com a Salvação de Israel do que com o seu direito político e histórico. A nossa vantagem sobre outros é que conseguimos gerir com uma outra agilidade ambos os aspectos, o bíblico e o político, apenas isso.

No que diz respeito ao direito que Israel tem de habitar e possuir a sua herança você pode ser o tipo de anti ou sionista que quiser. Não terá é o direito de nos confundir com misticismo e outras variantes estapafúrdias desta opção política. Também, não pretendemos impor convições aos outros, como por exemplo Theodor Herzl chegou a ter, 
na perspectiva dele claro, em achar que os judeus poderiam ser todos cristãos para serem aceites pelos outros. Ainda hoje, por exemplo, há líderes cristãos que acham que os Judeus Messiânicos não deveriam chamar-se Messiânicos mas Cristãos, e que não deveriam guardar o Sábado, praticar a Páscoa cerimonial Judaica, Pentecostes e Tabernáculos, enfim, há quem ache, ache, e ache tudo. 

Desejamos sublinhar que a construção deste projecto "Cristãos Sionistas Portugueses" não se confunde com profecias sobre Israel ou escatologia. Essas são matérias de opção individual que não desejamos empolar em público pois não desejamos a controvérsia. A questão do direito de Israel e o desconforto relacionado com tudo o que a questão envolve já tem matéria que chegue para nos empolgar.

Em conclusão:
- Acreditamos que o povo Judeu tem direito à sua terra ancestral por direito histórico e promessa divina, e que um plano profético sobre esta nação ainda está por se cumprir;
- Amamos os Judeus e amamos os Árabes;
- Repugnamos qualquer linguagem ou comportamento de ódio contra a vida humana;
- Entendemos que os Judeus necessitam de reconhecer o Messias que já veio e que Ele É a única porta que os conduz à Salvação.

Esperamos deixar compreendido porque o título deste artigo não podia ser "O que é Sionismo Cristão" pois são características separadas. Sionismo é nada, comparado à dimensão do que Cristo conquistou para nós e para os Judeus.

Samuel Dias




5 comentários:

  1. A Paz do Senhor, meu caro irmão Samuel,

    Não sou um conhecedor profundo da história de Israel e do movimento político Sionismo. Creio que fiquei esclarecido, mas levantou-me também algumas questões. Corrija-me se estiver errado, mas a questão de Israel é de sobeja importância para todo o mundo, e em particular para nós cristãos também.

    1 - A Terra é ancestralmente dos Povos Judaico e Israelita, se tivermos em conta a tradicional divisão dos dois reinos ancestral, de Judá e Israel. Mas a designação povo Judeu é uma referência religiosa e não de ancestralidade, correcto?

    2 - Mas na sua maioria, o actual povo judeu tem ascendência maioritariamente europeia, certo? Na realidade a maioria do povo judeu tem ascendência no antigo império de Khazar, convertido ao judaísmo E o povo ashkenazi, procede de Japheth e não de Sem. Isto não contraria a tese de ancestralidade do povo judeu?

    3 - Não significa isto também que parte relevante do povo que ancestralmente era conhecido como povo de Israel/Judá, semitas, não se encontram actualmente em Israel, mas espalhados pelo mundo?

    O seu esclarecimento será para mim uma benção. Um abraço e que Deus muito abençoe todo o povo que hoje se encontra em Israel, assim como aqueles que ancestralmente são de facto descendentes de Abraão, Isaac e Jacob(Israel), e se encontram espalhados pelo mundo, porventura sem saberem que pertencem à casa de Israel.

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  2. Estimado irmão.
    Obrigado pelas suas questões. Há pelo menos duas que não estou inteiramente preparado para responder com segurança e por isso pedi ajuda à nossa equipa de editores da página FB.
    Até já...

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  3. Em relação às questões colocadas dou alguns contributos, sugerindo algumas fontes de informação em baixo também.

    1. R: A designação Judeu tem origem na tribo de Judá, a tribo real, que foi adotada para todo o descendente de qualquer uma das 12 tribos. Acumula conotações religiosas, sociopolíticas e étnicas e é ainda um tema que se debate dentro e fora de Israel pelos próprios judeus. Antes de chegarem à Terra Prometida pela mão de Moisés e Josué a descendência de Abraão, Isaque e Jacob, denominava-se de povo hebreu.

    2.R: Os askhenazi são um dos grupos importantes de judeus, com origem na europa central e de leste. Há um outro grupo muito grande que são os sefarditas. Estes são os dois grupos principais que dividem o poder religioso em Israel e não só. Esther Mucznic da Comunidade Israelita de Lisboa dá formações sobre este e outros temas. Quantos aos semitas, eles são o povo hebreu (hoje os judeus) e o povo árabe (são primos). No final do séc. 17 as principais concentrações de Judeus eram: Europa 70%, Norte de África 17% e Império Otamano 13% (Atlas of Modern Jewish History de Evyatar Friesel). O reino da Kazaria foi um reino bárbaro que se converteu ao judaísmo entre 700 e 1010DC, não sendo a origem dos judeus da europa de leste. Os judeus já andavam pela europa por razões de mercantilismo desde o império romano, tendo criado ligações comerciais desde a China até Europa Central e Norte de Africa, passando pela Grande Bulgária (Kazaria). Por razões de comércio no quadro dos vários impérios que dominaram a terra de Israel, ou por razões de expulsão, espalharam-se pelas nações, pelas razões que a Bíblia explica.

    3. Correto. Estão espalhados pelo mundo, mas cada vez mais a regressar a Israel. Segundo o Atlas of Modern Jewish History nos anos 80 do séc. XX distribuíam-se pelo mundo assim: Américas (49,8%), Asia (27,8%), Europa (20,7%), Africa (1,1%), Oceânia (0,6%). O nº de judeus no mundo segundo o Atlas referido, diz que em 1970 existiam cerca de 12,8 Milhões de Judeus no mundo sendo que 20,1% estavam em Israel. Em 1980, em Israel existiam 27,5% ou seja 3,5 Milhões. Hoje em 2016 vivem em Israel 6,1 Milhões de judeus (sendo a população total, com outros grupos, 8,1 Milhões). A profecia bíblica da restauração de Israel está em cumprimento acelerado. Há muitos judeus que estão a regressar continuamente para casa (vide ministério cristão e outro secular judaico que apoia dedicadamente essa causa http://int.icej.org/media/biblical-zionism; http://shavei.org/ Os marranos portugueses (cristãos novos) estão na lista dos apoios para regressar a Israel.

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  4. Em primeiro lugar, hoje, o termo Judeu já não designa apenas os descendentes de Judá, mas é referido em sentido lato. Pois, sabemos que com Judá sempre ficou Benjamim e os Levitas, mas também alguns de entre as tribos dispersas se lhes têm unido, vindas de outras terras (isto exige um artigo específico).
    Sobre a questão do povo askhenazi… Pelo que percebi a questão é se estes, não sendo diretamente descendentes de Jacob, terão direito à terra, assim como prometido biblicamente.
    Pelo que percebo nas Escrituras, um gentio (estrangeiro) que se circuncidasse era tido segundo a Lei de Deus como um israelita.
    Êxodo 12:48 Quando, porém, algum estrangeiro peregrinar entre vós e quiser celebrar a páscoa ao Senhor, circuncidem-se todos os seus varões; então se chegará e a celebrará, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela.
    Êxodo 12:49 Haverá uma mesma lei para o natural e para o estrangeiro que peregrinar entre vós.

    Sendo assim, não diferença nessa questão do direito à terra. Israel sempre foi um povo onde gentios convertidos ao Deus de Israel foram integrados sem diferenciação.

    Dou o exemplo de Raabe, a prostituta de Jericó (Josué 6:5), e Rute (Rute 4:13-22) que não apenas foram integradas no povo de Israel como se de um deles se tratasse como foram incluídas na genealogia do Messias.

    Mateus 1:5 a Salmom nasceu, de Raabe, Booz; a Booz nasceu, de Rute, Obede; a Obede nasceu Jessé;

    Penso que não está em causa o direito à terra àqueles que foram integrados em Israel em qualquer período da História. Esta é a minha posição.
    Pelo que conheço, de amigos que comungam com os judeus na sinagoga em Lisboa, o que conta para ser membro da sinagoga é mesmo a ascendência e não tanto a religião judaica. Eu também não sou especialista na matéria, mas há estes dois requisitos, ou a tal ancestralidade ou a conversão, que podemos indicar como religiosa no caso dos askhenazi e outros ao longo do tempo.

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  5. Amigos, a pergunta e as vossas resposta, pela sua pertinência, foi destacada em artigo próprio:
    http://cristaossionistasportugueses.blogspot.pt/2016/05/a-ancestralidade-do-povo-judeu.html
    Obrigado

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